O que é o tabagismo
O tabagismo é a dependência do cigarro e de outros produtos que contêm nicotina, uma substância altamente viciante que atua diretamente no cérebro. Apesar de muitas pessoas associarem o ato de fumar ao relaxamento, na realidade, ele provoca uma série de alterações químicas e físicas no organismo que afetam tanto a mente quanto o corpo.
Como a nicotina age no cérebro
A nicotina chega ao cérebro em menos de 10 segundos após a inalação. Lá, ela estimula a liberação de dopamina, neurotransmissor ligado à sensação de prazer e recompensa.
Esse efeito rápido e intenso faz o cérebro associar o cigarro a momentos de bem-estar — criando um ciclo de dependência.
Com o tempo, o cérebro passa a precisar da nicotina para manter o equilíbrio químico. Quando a pessoa tenta parar, os níveis de dopamina caem e surgem sintomas de abstinência, como irritabilidade, ansiedade e dificuldade de concentração.
Efeitos do cigarro no corpo
O tabagismo afeta praticamente todos os órgãos. Entre os principais efeitos estão:
- Pulmões: causa inflamação crônica e destruição do tecido pulmonar, levando à DPOC e ao câncer de pulmão.
- Coração e vasos sanguíneos: aumenta a pressão arterial, reduz o oxigênio no sangue e favorece o surgimento de infartos e AVC.
- Pele e aparência: acelera o envelhecimento e reduz a oxigenação da pele.
- Sistema imunológico: reduz a defesa do corpo contra infecções.
- Cérebro: aumenta o risco de doenças psiquiátricas, como depressão e ansiedade, e pode agravar quadros de insônia.
Por que é tão difícil parar de fumar
A dependência da nicotina é comparável à de drogas como a cocaína, em termos de ativação do sistema de recompensa cerebral.
Além disso, há um componente psicológico e comportamental: fumar costuma estar ligado a hábitos diários (como tomar café ou dirigir), o que reforça o ciclo de dependência.
Tratamentos eficazes
Felizmente, parar de fumar é possível, mesmo após anos de uso. Os principais métodos incluem:
- Terapia cognitivo-comportamental (TCC) — ajuda a identificar gatilhos e desenvolver novas formas de lidar com o estresse.
- Reposição de nicotina — adesivos, gomas e sprays reduzem os sintomas de abstinência gradualmente.
- Medicações — como bupropiona e vareniclina, que reduzem o desejo e o prazer associados ao cigarro.
- Suporte médico e acompanhamento psiquiátrico — essenciais para prevenir recaídas e tratar sintomas de ansiedade ou depressão.
- Mudanças no estilo de vida — exercícios físicos, alimentação saudável e técnicas de respiração ajudam no controle da vontade de fumar.
Cérebro em recuperação
Após apenas 20 minutos sem fumar, a pressão arterial e os batimentos cardíacos já começam a se normalizar.
Em 48 horas, o corpo elimina quase toda a nicotina.
Em duas a três semanas, há melhora na respiração e no olfato.
E após um ano, o risco de doenças cardíacas cai pela metade.
O cérebro, com o tempo, também reaprende a liberar dopamina de forma natural, recuperando o prazer em atividades cotidianas — algo que o cigarro havia bloqueado.
Conclusão
Parar de fumar é um desafio físico, químico e emocional.
Mas é também uma das melhores decisões para a saúde mental e física. O apoio médico e o uso de terapias adequadas aumentam muito as chances de sucesso.
Cada cigarro a menos é uma vitória — e cada dia sem fumar é um passo rumo a uma vida mais equilibrada e livre.
Referências científicas
- Benowitz NL. Nicotine addiction. New England Journal of Medicine. 2010;362(24):2295–2303.
- U.S. Department of Health and Human Services. The Health Consequences of Smoking—50 Years of Progress: A Report of the Surgeon General. 2014.
- Volkow ND, Koob GF, McLellan AT. Neurobiologic advances from the brain disease model of addiction. New England Journal of Medicine. 2016;374:363–371.



