A bulimia nervosa é um transtorno alimentar sério, mas muitas vezes invisível. Quem sofre com ela parece “normal” por fora — mantém o peso dentro da média —, mas vive uma batalha silenciosa entre culpa, medo e necessidade de controle.
Neste artigo, vamos entender o que é bulimia, seus sinais, causas e como buscar ajuda, com base em evidências científicas e linguagem simples.
O que é bulimia nervosa?
A bulimia é um transtorno alimentar caracterizado por episódios recorrentes de compulsão alimentar, seguidos por comportamentos compensatórios para evitar o ganho de peso — como vômitos, uso de laxantes, jejuns prolongados ou exercícios excessivos.
💬 Em outras palavras:
a pessoa come grandes quantidades de comida rapidamente, sente culpa e medo, e tenta “anular” o que comeu.
Esses ciclos podem ocorrer várias vezes por semana (ou até por dia) e trazem grande sofrimento psicológico.
Como reconhecer os sinais 🚨
A bulimia pode ser difícil de identificar, porque quem sofre geralmente mantém o peso corporal normal. Ainda assim, há sinais físicos e emocionais que merecem atenção:
⚠️ Sinais físicos:
- Inchaço no rosto (especialmente nas bochechas e mandíbula);
- Dores de garganta e refluxo frequente;
- Erosão dentária (devido ao ácido do vômito);
- Flutuação de peso;
- Cansaço e tontura;
- Desequilíbrio hormonal e menstrual.
💭 Sinais emocionais e comportamentais:
- Medo intenso de engordar;
- Autoestima baseada na aparência;
- Comer em segredo;
- Fazer exercício excessivo;
- Ir ao banheiro logo após as refeições;
- Sensação constante de culpa e vergonha.
Causas e fatores de risco
A bulimia não tem uma única causa — é resultado de fatores biológicos, psicológicos e sociais.
🧠 Fatores psicológicos:
- Baixa autoestima e perfeccionismo;
- Ansiedade e depressão;
- Dificuldade em lidar com emoções;
- História de abuso emocional ou físico.
🧬 Fatores biológicos:
- Alterações nos neurotransmissores ligados ao humor e ao apetite (como serotonina e dopamina);
- Predisposição genética.
🌍 Fatores socioculturais:
- Pressão por padrões de beleza irreais;
- Comparação constante nas redes sociais;
- Profissões ou atividades que valorizam a magreza (dança, moda, esportes).
O ciclo da bulimia
O ciclo costuma seguir este padrão:
- Restrição alimentar: tentativa de “controlar” o corpo;
- Compulsão: perda de controle e ingestão exagerada de alimentos;
- Culpa e medo: sensação de fracasso e ansiedade;
- Comportamentos compensatórios: vômitos, laxantes, jejuns, exercícios;
- Recomeço: a culpa leva a nova restrição — e o ciclo se repete.
🔁 É um ciclo vicioso difícil de quebrar sem ajuda profissional.
Riscos e complicações à saúde
A bulimia pode causar danos graves ao corpo e à mente, especialmente quando não é tratada:
- Desidratação e desequilíbrios de eletrólitos (podendo causar arritmias cardíacas);
- Problemas gastrointestinais e renais;
- Erosão do esmalte dentário e inflamação na garganta;
- Alterações hormonais;
- Depressão e risco aumentado de suicídio.
👉 É fundamental entender: bulimia é uma doença psiquiátrica, não uma escolha.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito por um psiquiatra ou psicólogo clínico, com base nos critérios do DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais).
Também podem ser solicitados exames médicos para avaliar os efeitos físicos do transtorno — como eletrólitos, função renal e hepática.
Tratamento da bulimia 🩺💚
O tratamento exige abordagem multidisciplinar — psiquiatra, psicólogo e nutricionista — e costuma incluir:
- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): ajuda a identificar pensamentos distorcidos e comportamentos de compensação.
- Apoio nutricional: restabelece uma relação saudável com a comida e com o corpo.
- Medicamentos: antidepressivos, especialmente os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), podem ser indicados.
- Terapias familiares: essenciais em adolescentes e jovens.
- Grupos de apoio: promovem acolhimento e troca de experiências.
💡 O mais importante é procurar ajuda o quanto antes — quanto mais cedo o tratamento começa, maiores as chances de recuperação completa.
Caso ilustrativo
Carla, 24 anos, sempre foi perfeccionista e preocupada com a aparência. Após sofrer críticas sobre seu corpo, passou a restringir alimentos e, quando perdia o controle, comia em excesso e provocava o vômito.
Depois de meses de culpa e isolamento, buscou ajuda médica. Com tratamento e terapia, aprendeu a reconhecer seus gatilhos e recuperar o prazer de se alimentar sem medo.
Como ajudar alguém com bulimia 💬
Se você conhece alguém com esses sintomas:
- Evite críticas ou julgamentos;
- Demonstre apoio e empatia;
- Ofereça ajuda para buscar tratamento;
- Lembre-se: a recuperação exige tempo e compreensão.
Perguntas frequentes (FAQ)
1. A bulimia tem cura?
Sim. Com tratamento adequado, a pessoa pode se recuperar totalmente e desenvolver uma relação equilibrada com a comida e o corpo.
2. Toda pessoa com bulimia vomita?
Não. Alguns usam outros métodos compensatórios, como jejuns prolongados ou exercícios excessivos.
3. Bulimia é o mesmo que anorexia?
Não. Na anorexia, há restrição alimentar severa e perda de peso acentuada; na bulimia, o peso pode ser normal, mas há ciclos de compulsão e compensação.
4. É possível tratar sem remédios?
Em alguns casos leves, sim — especialmente com terapia e apoio nutricional. Mas em casos moderados a graves, os medicamentos podem ser fundamentais.
5. Bulimia é comum?
Sim. Afeta cerca de 1 a 2% das mulheres e 0,5% dos homens, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Referências médicas
- American Psychiatric Association. DSM-5: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 2013.
- National Institute of Mental Health (NIMH). Eating Disorders: About More Than Food, 2022.
- Treasure J, et al. Anorexia nervosa and bulimia nervosa. The Lancet, 2020.
- Fairburn CG, Harrison PJ. Eating disorders. The Lancet, 2003.
- World Health Organization. Mental Health Atlas, 2021.



